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O Papel da Madeira na Construção Civil Sustentável

É estimado que até o ano de 2050 a população mundial atingirá a marca de 10 bilhões de habitantes, sendo que a maioria deles estará aglomerado nos centros urbanos. Todas essas pessoas precisarão de um lugar para habitar e uma cidade estruturada para viver, e é aí que está o papel fundamental da construção civil.

A importância desse setor para a economia internacional e para o desenvolvimento das cidades é inegável: além de impactar o PIB e movimentar uma gigante cadeia produtiva, esse setor é responsável por contribuir com a geração de emprego e renda, especialmente em países em desenvolvimento, como o Brasil.

Mas os efeitos positivos da construção civil ultrapassam a fase das obras, afinal, o urbanismo e o acesso à habitação são considerados questões de saúde e bem-estar social.

Pensando nisso, as atividades desse setor se provam relevantes e essenciais para o desenvolvimento da sociedade, mas não podemos deixar de questionar seus impactos no meio ambiente.

 

O Impacto Ambiental da Construção Civil

Não é de hoje que ambientalistas apontam essa atividade econômica como uma das principais causas do aquecimento global. Ainda nas primeiras conferências sobre o clima já eram debatidos impactos e danos ao meio ambiente, como a extração predatória de madeira, a mineração dos materiais usados (argila, brita e areia), o alto consumo de água e energia, o uso de materiais tóxicos, a destruição de áreas verdes e o transporte de materiais de seu local de origem até o local onde serão utilizados.

Alguns estudos sobre esses impactos ambientais destacam que, considerando todo o ciclo da construção, que se inicia na extração da matéria prima e se entende até a vida útil de uma edificação, esse setor é responsável por mais de 45% das emissões globais de gases do efeito estufa.

Além disso, os principais materiais usados atualmente, como o aço e o concreto, são compostos de minério, ou seja, não são renováveis. Aliás, o cimento por si só já é considerado um grande inimigo do planeta, uma vez que para cada tonelada de clínquer (fase básica do cimento) produzido, são liberados 600kg de CO² na atmosfera. Já o concreto, fabricado a partir do cimento foi considerado, por reportagens recentes, como o material mais destrutivo da terra.

Outros dados alarmantes mostram que as construções consomem mais de 50% de recursos naturais durante seu ciclo de vida, que essa é a indústria que mais gera resíduos e que a poluição das obras, presente na atmosfera, afeta gravemente a qualidade de vida de todos os seres vivos.

Apesar de serem fatos extremamente preocupantes, a verdade é que já não é possível imaginar um mundo onde essa atividade não seja absolutamente necessária para o desenvolvimento econômico e social.

Por esse motivo, especialistas do setor passaram a explorar novas tecnologias e alternativas sustentáveis para reduzir a geração de resíduos, repensar e substituir o uso de materiais nocivos e consumir com mais consciência.

Foi com o propósito de superar esses desafios, elevar a construção civil para um novo patamar e ainda combater o desabastecimento do setor, devido à finitude de matéria prima, que nasceram a arquitetura e a construção civil sustentáveis.

Construindo com Responsabilidade

O ato de construir nem sempre foi predatório. Antigamente, era comum que pessoas e comunidades planejassem e executassem suas construções considerando aspectos da natureza, como o clima, o ambiente, a fauna e a disponibilidade de recursos naturais próximos à construção. Isso se dava tanto por uma questão de sobrevivência, quanto de praticidade.

Foi a partir do século XX que tudo isso mudou. Nessa época as cidades começaram a crescer em um ritmo descontrolado, devido ao êxodo rural e o crescimento populacional. Essa necessidade de construir de forma rápida fez com que as diretrizes pautadas na natureza fossem completamente abandonadas, para darem lugar a materiais e técnicas consideradas mais eficientes.

Com o tempo, por sua vez, as pessoas passaram a perceber que o custo dessas tecnologias, que ignoravam as necessidades e disponibilidade de recursos naturais, é alto demais. Infelizmente, todo esse tempo construindo sem pensar no amanhã, deixou um legado de destruição ambiental, que exige que nossa sociedade resgate a sua consciência ambiental e entenda que combinar a tecnologia moderna com o respeito ancestral pela natureza é ainda mais eficiente, pois considera a qualidade de vida e recursos para as próximas gerações.

Felizmente, diante da urgência por um mundo mais sustentável, assistimos nos últimos anos um movimento revolucionário, onde diversos profissionais e investidores desse setor passaram a focar no desenvolvimento de soluções e tecnologias ecológicas para reverter os danos causados ao meio ambiente.

Na inovadora construção 4.0, a eficiência ambiental é considerada tão importante quanto a eficiência econômica. Os processos e métodos foram otimizados continuamente, em todas as etapas da obra, para ganhar mais harmonia com a meio ambiente. Com isso, vemos cada vez mais projetos arquitetônicos onde os materiais renováveis e sustentáveis foram priorizados, os recursos foram usados estrategicamente, os resíduos foram reduzidos e os impactos mitigados ao máximo.

Para incentivar a expansão dessa indústria, alguns países oferecem incentivos econômicos para novos empreendimentos verdes, cada vez mais populares no mercado. O Brasil, por exemplo, ocupa o 5º lugar entre as nações com mais edificações sustentáveis, ficando atrás apenas de países como os Emirados Árabes, EUA e China.

Mas, para que uma construção seja considerada sustentável, é preciso que todas as tomadas de decisão sejam pautadas na sustentabilidade e eficiência ecológica. Com essa necessidade em mente, uma das tendências que vem sendo considerada “o futuro da construção civil” é, ironicamente, o uso da madeira como protagonista em construções de todos os portes. Será o primeiro material de construção usado pelo homem a nossa alternativa para o futuro?

Resgatando a Madeira para a Construção

Para que um material seja considerado eficiente para fins estruturais, ele precisa ser resistente e durável, características que observamos na madeira, que vem sendo usada em diversas civilizações para a construção de igrejas, salões, pontes, casas e outras edificações. Ainda que essas estruturas remetam ao século passado, elas permanecem firmes, demonstrando toda a resiliência desse material.

Essa matéria prima natural é uma grande aliada do meio ambiente, e pode ser utilizada tanto interna quanto externamente, de acordo com o seu tratamento e características. Sua versatilidade permite o seu uso em móveis e acabamentos, mas tem sido cada vez mais utilizada em grandes projetos, cumprindo papeis estruturais como vigas, pilares, forros, painéis, pisos, telhados e escadarias.

Todo esse potencial se dá por três motivos principais: a sustentabilidade, a estética e a praticidade. É claro que, para que seja sustentável, a madeira utilizada deve ser legal, certificada e oriunda de reflorestamento, pois sendo reflorestada, essa matéria prima se torna altamente renovável e de fácil reabastecimento.

Além disso, a madeira é o único material capaz de sequestrar carbono durante o seu ciclo de vida, e reter CO² quando transformada em material de construção. Acontece que o aprisionamento de carbono ocorre em maior escala durante os primeiros anos das árvores, devido ao crescimento mais acelerado, tornando o processo de reflorestamento altamente sustentável. Algumas pesquisas apontam que essa alternativa, se utilizada de forma inteligente na construção civil, será capaz de reduzir o carbono em 30% nas próximas décadas. Ainda falando no fator sustentabilidade, outra questão importante é sobre a extração da madeira, que conta com um processo muito menos impactante ao ecossistema do que a mineração.

Outra vantagem da madeira está justamente em suas características físicas. Ela é mais leve que outros materiais, fácil de se trabalhar, reutilizável, muito duradoura e resistente (se bem trabalhada) e é claro, conta com uma beleza e aconchego, que fazem dela uma mistura clássica e moderna, que nunca sai de moda. Trabalhar com madeira, no interior de uma residência, cria uma atmosfera relaxante e ajuda as pessoas a se conectarem com o ambiente. Além disso, a madeira também oferece propriedades incríveis, como isolamento térmico, acústico e elétrico.

Por fim, a madeira também oferece praticidade para o construtor. Isso mesmo, o material oferece alta disponibilidade, montagem rápida, redução de resíduos, possibilidade de reciclagem e menor densidade. Na ponta do lápis, tudo isso reduz os gastos energéticos e custos operacionais da obra, além de promover mais agilidade e melhores condições de trabalho para os colaboradores.

É claro que, trabalhar com madeira também tem seus desafios, tratamentos específicos e técnicas de beneficiamento, mas olhando pelo ponto de vista da sustentabilidade, contorná-los se torna possível e necessário. Além disso, os próximos passos dessa jornada irão tornar esse mercado ainda mais acessível.

Tendências: Como Andam as Cidades do Futuro

Para quem não anda conectado com as tendências arquitetônicas, é importante avisar que o futuro já chegou e as construções em madeira estão a todo vapor mundo afora, seja em construções híbridas ou em projetos inovadores totalmente estruturados em madeira, que atraem cada vez mais a atenção de designers, engenheiros e arquitetos.

Os novos processos industriais e tecnologias de beneficiamento melhoraram a trabalhabilidade e desempenho da madeira, a tornam segura contra predadores e fogo e ainda viabilizaram o seu uso para a construção e sustentação de edifícios de até 40 andares. Apesar do uso da madeira ainda ser tímido, em comparação a outros materiais como aço e concreto, já existem muitas forças trabalhando para transformar essa realidade e trazer volume para a construção sustentável. Em Amsterdã, por exemplo, existe um decreto que exige que a partir de 2025, um quinto das novas edificações seja construída em madeira.

Um exemplo prático do sucesso desses empreendimentos, é uma residência universitária, construída em Vancouver, onde apenas os fossos dos elevadores e fundações foram feitos de concreto armado, enquanto todo o resto foi construído em madeira. O edifício, que tem 53 metros de altura, foi construído em 2016, e segundo os estudos que precederam a obra, evitaram a emissão de 679 toneladas de carbono por metro construído. Esse número se equipara a mais de 500 carros retirados de circulação, durante um ano.

Nessa matéria, você vai conferir um prédio de 18 andares na Noruega, e o andamento de dois projetos inovadores: o Floresta Urbana, no Brasil e o Tree Tower Toronto, no Canadá. Na matéria também é possível conferir a iniciativa de uma pequena vila sueca, que está substituindo edifícios de concretos por apartamentos e escolas de madeira. Também na Suécia, o Centro Cultural Sara, com seus 75 metros de altura, consegue captar 9 milhões de Kg de carbono.

Outro empreendimento que está caminhando em direção ao futuro, é o de uma empresa portuguesa, que investiu 25 milhões para produzir casas sustentáveis, em larga escala. Por fim, outro exemplo de tudo o que podemos criar em madeira é o protótipo de torre de turbina eólica, que promete ser tão resistente quanto o aço, sem deixar uma pegada de carbono tão prejudicial ao meio ambiente

Investindo no Futuro

Agora que você já conhece todo o potencial da madeira para essa finalidade, que tal saber mais sobre como é possível investir em madeira de reflorestamento e lucrar, a longo prazo, com a produção de madeira certificada?

Com a Radix Florestal, você investe naquilo que acredita, ajuda a agregar valor às nossas florestas em pé e ainda se beneficia dessa tendência mundial.

 

 

 

Por Milene Moraes Almeida
Pós-graduada em Marketing Socioambiental e
Gerente de Relacionamento com o Investidor Radix

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