Afinal, o que é o Mogno africano?
A árvore do Mogno africano tem grande potencial de produção de madeira e possui também alto potencial de exploração em várias regiões do mundo, devido a sua grande capacidade de adaptabilidade aos diferentes climas, pela qualidade superior da sua madeira e principalmente a alta cotação no mercado. É utilizado amplamente na construção de painéis de automóveis, interiores de navios e construção de móveis de luxo, pois a madeira esboça grande beleza e alta durabilidade.
No Brasil, a introdução e o cultivo de mogno africano vem ocorrendo devido ao fato do mogno africano ser exótico e substituir o mogno brasileiro (Swietenia macrophylla), mesmo com uma grande semelhança entre as espécies. Como a exploração e comercialização do mogno nativo é proibida perante a legislação brasileira e, além disso, o mogno africano apresenta uma maior resistência ao ataque da broca de ponteiro ou broca das meliáceas (Hypsipyla grandella), super ofensiva ao Mogno Brasileiro.
Para se ter uma visão mais clara sobre os benefícios dos investimentos em produções florestais de Mogno africano é necessário buscar conhecê-lo de forma mais abrangente. Nessa linha cumpre destacar que existem quatro espécies de árvores conhecidas genericamente por Mogno africano – Khaya Ivorensis, Khaya Anthotheca, Khaya Grandifoliola e Khaya Senegalensis.
Como cada espécie é adaptada para um clima específico, existem alguns fatores que podem atrapalhar a utilização dessas espécies em investimentos florestais em algumas áreas do Brasil. Esses fatores podem ser a falta de adaptabilidade da espécie aos climas de algumas regiões, falta de domesticação da espécie – o que impossibilita saber como ela vai se comportar durante seu desenvolvimento.
Khaya Ivorensis x Khaya Senegalensis
Para uma visão mais clara sobre as duas espécies mais comuns no Brasil e utilizadas no plantio da Radix, é interessante observar de forma mais correlata onde as duas espécies tiveram origem e onde ocorre sua habitação natural no continente africano. Para isso, podemos observar as imagens a seguir:
Fonte: Freitas, 2015.
Ao observar a imagem podemos notar que a espécie Khaya ivorensis habita regiões mais próximas ao litoral africano, onde os índices de precipitação são maiores e os solos são mais argilosos, nessa região as temperaturas também são mais estáveis e mais baixas quando comparadas as regiões tropicais localizadas mais ao norte do mapa. Já a Khaya senegalensis povoa as regiões mais secas, onde os climas predominantes são em maior parte o desértico-árido (onde se encontra a região saariana) e o tropical e, assim suas características de adaptabilidade estão mais relacionadas as regiões com maiores temperaturas, níveis de precipitação mais baixos e solos mais arenosos.
A partir desta caracterização, podemos em conjunto com outros estudos já realizados acerca de cada espécie, fazer um comparativo sobre qual espécie plantar em cada caso e região do Brasil, a fim de obter maiores lucros e mais sustentabilidade no final do ciclo da produção florestal. Sendo assim, temos que:
Khaya ivorensis
- As plantações devem ser realizadas em áreas que tenham precipitação superior a 1.300 mm/ano ou plantios irrigados;
- Não apresenta bom desenvolvimento nos solos arenosos, sendo aconselhada para solos mais argilosos;
- Possui alta resistência a broca da ponteira durante sua fase jovem;
- Sua produção é até 30% superior ao K. senegalensis, alcançando assim maiores rendimentos por hectare;
- Realiza desrama de forma natural, diminuindo custos com podas;
- Tem resistência a geadas leves e geadas brancas;
- Demanda boas condições de solo para seu desenvolvimento;
- Características da Madeira: – Coloração rosada; – Brilho moderado; – Densidade baixa a moderada (0,48 a 0,57 g/cm³).
Khaya senegalensis
- A resistência a seca permite que as plantações sejam realizadas em regiões com precipitação inferiores a 1.000 mm/ano;
- Apresenta bom desenvolvimento tanto nos solos mais arenosos e bem drenados, como em solos argilosos;
- Consegue se desenvolver em regiões com temperaturas elevadas e com períodos longos de estiagem de até 7 meses;
- Sua dureza elevada garante alta durabilidade da madeira, bem como maior resistência a doenças e pragas;
- Não realiza desrama natural, necessitando assim de poda dos galhos e ramas para ter um melhor desenvolvimento;
- Característica da Madeira: – Coloração vermelho-rosado; – Brilho moderado; – Densidade média a dura (0,63 a 0,68 g/cm³).
A partir desta comparação fica mais fácil escolher a área aplicável para cada espécie de Mogno africano e fazer um planejamento mais adequado da produção florestal. Nas fazendas da Radix optamos pelo cultivo consorciado entre as duas espécies, de forma a potencializar os ganhos financeiros de nossos investimentos florestais.