Três letras e um conceito cheio de propósito: ESG. Esse tema, já bastante explorado no mercado internacional, vem ganhando visibilidade no Brasil, e promete revolucionar a forma que consumimos, investimos e administramos os nossos negócios.
O contexto atual de urgência climática, desigualdade social e catástrofes geradas pela atuação irresponsável de grandes corporações, somado ao interesse das novas gerações por questões socioambientais, aumenta a demanda por novas estratégias e novas práticas no ambiente empresarial.
Essa mudança de postura dos stakeholders, refletida no mercado, gerou uma pressão no setor empresarial, para que desenvolvesse estratégias de curto, médio e longo prazo pautadas na melhoria contínua de processos que garantam melhores resultados e aumentem a produção, sem esquecer de deixar um legado positivo para o futuro e as próximas gerações.
É aí que ESG ganha visibilidade e um papel central nas estratégias empresariais. Afinal, essa sigla que representa um conjunto de indicadores, métricas e orientações para as boas práticas, ou seja, ESG não se trata de algo que você faz, e sim, da forma como você faz.
Onde começa essa história de ESG?
O ESG tem origem em outros termos, como o desenvolvimento sustentável e o tripé da sustentabilidade. Para traçar uma linha do tempo, o primeiro termo utilizado para falar sobre uma sociedade responsável foi o “desenvolvimento sustentável”, utilizado pela primeira vez em 1987, no relatório Nosso Futuro Comum”, da ONU, onde foi definido como: o desenvolvimento que “satisfaz as necessidades do presente, sem comprometer as necessidades das gerações futuras”.
A comissão responsável por esse relatório pautou a importância de prosperar economicamente, prezando sempre pela produção e consumo sustentáveis, pela mitigação de impactos negativos e emissões e pela preservação do meio ambiente.
Já em 1999 esse conceito ganhou ainda mais força e um novo termo, que também contempla de forma mais adequada o aspecto social. O “tripé da sustentabilidade” era amparado por 3 pilares, ou os 3 Ps: People, Planet e Profit. Nesse momento, a pauta também passou a acolher conceitos de inclusão social, diversidade e liderança inclusiva.
O ESG, por sua vez, foi um termo utilizado pela primeira vez na publicação “Who Cares Wins”, uma parceria entre o Pacto Global e o Banco Mundial, em 2004. O novo conceito manteve os aspectos sociais e ambientais, mas evoluiu o conceito de profit (lucro), para governança. Isso se fez necessário para evidenciar e criar soluções para o impacto de empresas e do mercado de capitais na comunidade, no meio ambiente e na saúde, física e mental, dos colaboradores.
Apesar do conceito de desenvolvimento sustentável não ser algo novo, esse tipo de temática ficou restrito, por muito tempo, à pauta e causas de movimentos sociais, projetos ambientais, grupos militantes e minorias que reivindicavam os seus direitos.
Esses movimentos sempre estiveram por aqui para falar sobre a necessidade de repensar nossas ações e decisões e garantir uma sociedade mais justa, sustentável e igualitária, mas segundo pesquisas recentes, essas demandas furaram a bolha e atingiram o consumidor médio, que agora também passou a protagonizar a cobrança por uma governança responsável, das lideranças e corporações. Agora vamos falar um pouco sobre cada uma das letras dessa sigla:
E de Enviromental
Essa palavra, da língua inglesa, significa ambiente, o que leva a sigla a ser tratada por muitos executivos brasileiros como ASG. Esse aspecto das políticas ESG fala sobre o planejamento e desenvolvimento de ações sustentáveis para entender, mitigar e compensar os impactos ao meio ambiente, gerados por suas atividades.
Dentro do critério ambiental de uma gestão, são tratadas questões relativas ao descarte de resíduos, preservação de recursos naturais, proteção da biodiversidade, redução de emissões na atmosfera, o uso de energia de fontes renováveis, além do combate ao desmatamento, aquecimento global, poluição do ar e escassez de água potável.
Esse pilar ESG alerta sobre os riscos da exploração de matéria prima de forma predatória e da necessidade da transição para a bioeconomia, onde a sociedade possa consumir e prosperar, sem perder de vista a preocupação em superar os desafios ambientais.
S de Social
Ao falarmos sobre o fator social, estamos nos referindo a todas as práticas e ações que envolvam pessoas. Sejam essas práticas voltadas para o público interno da empresa, ou para o meio social externo.
As boas práticas, referentes ao âmbito interno, incluem o respeito às leis trabalhistas e direitos humanos, igualdade de oportunidades, garantia de segurança física e emocional para todos os funcionários, apoio e incentivo a equidade de gênero, diversidade e inclusão.
Mas as responsabilidades sociais de uma empresa, orientada pelos critérios ESG, não se restringem aos colaboradores e ambiente interno da empresa, e sim à relação da empresa com toda a comunidade local e stakeholders, se estendendo, até mesmo, para a sociedade como um todo.
Nesse critério, são considerados e avaliados aspectos relativos à ética, respeito, integridade e transparência para com todos os consumidores, investidores, sócios, fornecedores, colaboradores e parceiros comerciais. Aqui, é valorizado um bom relacionamento com todas as pessoas envolvidas, direta ou indiretamente, com as atividades de uma empresa, ou mesmo, impactadas por essas mesmas atividades.
Se uma empresa está estabelecida em uma comunidade tradicional, por exemplo, é importante que respeite cultura e o contexto local e trabalhe para empoderá-la. É valorizado inclusive, que a empresa também que invista em projetos sociais, ações culturais e de bem-estar social, e que use todos os recursos necessários para estabelecer e criar laços com essa comunidade.
Esse tipo de iniciativa reflete os valores corporativos de uma empresa, algo tão essencial para alguns investidores, que preferem aportar o seu capital apenas em empresas que compartilhem os seus valores. Os millenials, por exemplo, já demonstraram, em pesquisas recentes, estarem dispostos a pagar mais caro em produtos, serviços e ideias que estejam alinhadas aos seus propósitos.
G de Governança
A última letra de nossa sigla é tão importante quanto as demais, pois fala da estruturação corporativa de uma empresa, de seus valores e das diretrizes e normas que guiam cada um de seus processos e tomada de decisão.
Nesses critérios estão envolvidas questões administrativas e organizacionais como os direitos dos acionistas, os mecanismos para o combate à corrupção e fraudes, as obrigações e responsabilidades da diretoria executiva, mecanismos de controle, tecnologias e sistemas utilizados, a disponibilidade e acessibilidade de canais de atendimento e denúncias e um processo de auditoria confiável. Ainda nesse critério, é avaliada a diversidade de gênero e a representatividade dos membros que compõe o conselho ou ocupam cargos mais elevados.
Uma boa governança significa uma forma eficiente de dirigir um setor ou uma empresa, aumentando sua competitividade e agregando valor para seus investidores.
Os executivos e gestores do futuro não devem estar presos a valores e ideias antiquadas. Eles devem estar preparados e dispostos a reavaliarem seus conceitos e seguir um novo caminho, se necessário, para gerir uma empresa mais resiliente e sustentável, capaz de entregar performance e resultados, sem impactar negativamente as pessoas e o planeta.
Da Teoria à Prática
Que o ESG veio para ficar, já é um fato, mas de que forma tirar esse propósito do papel e transformá-lo em processos estruturados e ações diárias, dentro de sua organização, tornando-a mais atrativa para investidores, colaboradores e a sociedade?
Um obstáculo a ser superado é o greenwashing, uma prática desonesta, que se dá quando corporações se apropriam de discursos e estética socioambiental para alavancar sua marca, sem atuar de fato, dentro de qualquer parâmetro ESG. Essa prática, perigosa e enganadora, deve ser combatida através de pesquisa, diálogo, da exigência de transparência e até mesmo através de boicotes aos bens e serviços comercializados. Precisamos exigir estratégias ESG que sejam autênticas e validáveis.
Sair do discurso ainda é um desafio, principalmente no Brasil onde as novas diretrizes ainda são embrionárias e a maioria das empresas engajadas enfrentam um dos maiores obstáculos do ESG: equilibrar o social, ambiental e governança de forma igualitária. Apesar disso, essa já é uma realidade para empresas de todos os portes, determinadas a alcançarem melhores indicadores e um selo verde de atuação. Essas empresas entenderam que a adoção das práticas sustentáveis é um desafio que valerá a pena ao final do processo de adaptação.
O primeiro passo para empresas e executivos interessados em implementar o ESG em suas rotinas, é submeter sua empresa à um diagnóstico de impacto, para entender quais de suas operações são sustentáveis, responsáveis e bem gerenciadas, e quais as práticas precisam ser revistas. Ao fim, essas organizações precisarão empregar recursos e esforços para modifica-las e melhorá-las.
A Radix Investimentos Florestais, por exemplo, é considerada uma empresa orientada pelo ESG desde o seu nascimento, uma vez que seu proposito de existir e modelo de negócio foram totalmente pautados no desenvolvimento sustentável e na bioeconomia. Cada um dos nossos valores, metas e decisões pretendem estar a serviço de algo maior.
Nossos ativos florestais oferecem para investidores de todos os portes a oportunidade de multiplicar seu patrimônio através de um investimento atrelado 100% ao impacto ambiental positivo, o que é um avanço relevante dentro do mercado de capitais.
Por si só, plantar florestas com alto valor agregado combate a poluição e a exploração irregular de matéria prima (desmatamento), garante empregos dignos para colaboradores locais, colabora para a proteção da biodiversidade e para a transição para uma sociedade carbono negativa.
E nossos padrões ESG não param por aí. Estamos comprometidos em trazer informações e dados transparentes para nossos investidores, a atingir a paridade de gênero em nossas equipes e a apoiar a pesquisa e educação ambiental através de nosso fundo socioambiental. Para nós, isso é liderar pelo exemplo, para que outras empresas também busquem esse valor agregado e um futuro melhor.
Por Milene Moraes Almeida
Pós-graduada em Marketing Socioambiental e
Gerente de Relacionamento com o Investidor Radix
2 comentários em “ESG: Como Tirar esse Conceito do Papel e Transformar em Processo Empresarial”
Pingback: Como ser mais sustentável no dia a dia e compensar sua pegada de carbono - Radix Investimentos Florestais
Pingback: Créditos de Reposição Florestal: O Que São e Como Foi o 1º Evento de Retorno da Radix - Radix Investimentos Florestais