Da Floresta à Arte: A importância da Madeira na Indústria Musical
Independente do seu gênero favorito, a verdade é que todo mundo gosta de música, afinal, essa forma de arte e expressão acompanha o ser humano há mais de 50 mil anos, segundo registros encontrados. Acredita-se, por exemplo, que antes de ser apreciada como um elemento cultural e artístico, a música era produzida apenas para fins religiosos e ritualísticos, sendo considerada um elo divino entre os deuses e os seres humanos.
Foi inclusive essa suposta conexão que a levou ao seu nome de batismo, pois a palavra música tem origem no termo grego “Musiké Téchne”, que pode ser traduzido para “arte das Musas”. As musas, por sua vez, eram as personagens da mitologia responsáveis por inspirar e guiar os homens em suas criações e descobertas artísticas e científicas.
Além disso, foi o filósofo Pitágoras que descobriu e provou a relação entre a música e a matemática, dando origem à escala de tons que conhecemos hoje. Mas apesar de reconhecermos a forte influência da civilização grega na história da música, também encontramos registros e contribuições extremamente importantes para esse campo, vindas de sociedades asiáticas, egípcias, entre outras.
Com os anos, a música se afastou da religiosidade, os artistas ganharam mais liberdade para suas composições e houveram mudanças e variações significativas. No final das contas, a produção musical vem se evoluindo e se transformando ao longo dos anos, assim como a própria humanidade.
A Origem dos Instrumentos Musicais
Não se sabe exatamente quando surgiram os primeiros instrumentos musicais, mas segundo pesquisadores arqueológicos, o instrumento musical mais antigo já encontrado foi um instrumento de sopro: uma pequena flauta rudimentar, esculpida em um osso de animal. Além disso, sabe-se que algumas culturas indígenas ancestrais usavam instrumentos de percussão em suas cerimônias religiosas e para a representação dos ruídos dos animais.
Apesar disso, a voz continuou sendo o elemento mais importante na música por muito tempo e foi apenas no período barroco que os instrumentos ganharam destaque em concertos e orquestras. Depois disso, no período contemporâneo, ainda vieram os instrumentos elétricos e a partir daí, a produção de instrumentos não parou mais!
Hoje em dia, existem diversos instrumentos, que podem ser divididos de acordo com alguns critérios. As divisões mais conhecidas são por família ou por naipes (Madeiras, metais, percussão e cordas).
A Madeira e a Música
Como você pode ver, muita coisa mudou na música desde suas origens, mas se tem algo que permaneceu intocado durante quase toda essa história, é a importância da madeira na construção de instrumentos.
É fácil entender o porquê desse material ter sido escolhido como matéria prima em um tempo onde não haviam tantas opções disponíveis e a madeira era abundante e de fácil exploração. Hoje em dia, por outro lado, é cada vez mais desafiador encontrar madeira, os preços desse comoditie dispararam e existem diversas opções de materiais sintéticos.
Ainda assim, a madeira continua, de longe, o material favorito e mais concorrido entre fabricantes de instrumentos e luthiers. Isso tem um motivo claro: mesmo depois de anos de estudos e experimentos, a madeira mantém seu posto como a matéria prima com a melhor qualidade e as características ideais para essa finalidade.
Segundo as leis da física, todos os materiais existentes reagem à vibração gerando ondas sonoras, que levam à um ruído ou som. Acontece que cada material ecoa de uma forma única e no caso da madeira, o som produzido oferece a melhor ressonância, sonoridade e propagação do som entre todos os materiais sintéticos e naturais já conhecidos, especialmente em instrumentos com caixa acústica, como o violão.
Apesar disso, nem todas as espécies vegetais são ideais para esse fim, pois cada espécie apresenta características específicas de filtragem de frequência, densidade, rigidez e durabilidade. Essas características são responsáveis por alterar o som e timbre do instrumento, por esse motivo existem certas espécies e cortes mais valorizados que os demais.
Fora isso, dependendo da parte do corpo do instrumento, existem recomendações diferentes do que seria a madeira ideal. Por exemplo: existem as madeiras duras (hardwood), que tendem a absorver o som, enquanto as madeiras macias (softwood) costumam projetá-lo com mais eficiência.
Além da qualidade tonal e das propriedades acústicas, outros pontos a serem considerados para a confecção de instrumentos de alta qualidade é o formato do instrumento, suas dimensões e o corte utilizado. Como todas essas questões influenciam no resultado final, o processo acaba sendo altamente desafiador e exige muita atenção e cuidado.
A Jornada da Madeira
Uma das partes mais importantes do trabalho de um fabricante ou luthier é saber escolher a melhor madeira e o melhor corte para cada parte do corpo do instrumento, além é claro, de conhecer e dominar o processo de fabricação desde a extração até o acabamento do instrumento.
Isso ocorre, pois se trata de um processo tão minucioso que possui peculiaridades desde o corte da árvore. Por exemplo: diferente da madeira utilizada para outras finalidades, a madeira usada para a confecção de instrumentos só pode ser extraída de árvores com mais de 22 anos e cerne largo (pelo menos 80 cm de diâmetro). Além disso, o corte também é bastante específico, só podendo ser realizado no sentido radial do veio, caso contrário, a madeira perde ressonância e tende a rachar com muita facilidade.
É um processo longo, mas essencial para evitar rachaduras e preservar as propriedades originais, e que pode ser resumido com a seguinte jornada: tudo começa no corte raso, pois instrumentos não podem ser construídos a partir do desbaste ou medula. Depois de extraída, a madeira é pranchada, passa por uma secagem de aproximadamente 45 dias em estufa, para finalmente ser processada em pequenos pedaços. Já na fábrica, a madeira passa pela estabilização, descanso e armazenamento em local ventilado para, enfim, chegar a um processo delicado de marcenaria, que exige profissionais bem preparados e máquinas especializadas.
É importante ressaltar também, que cada instrumento é único, assim como uma impressão digital, pois é produzido de uma parte única de uma árvore única. Por isso, é essencial que haja uma padronização rígida no processo de produção, para que o resultado siga o padrão de qualidade esperado.
A Madeira Ideal
Quando o assunto é escolher a melhor opção de matéria-prima para um instrumento, é preciso considerar diversas características anatômicas, físicas e mecânicas do cerne para definir se trata-se de um material de alta qualidade. É preciso avaliar as propriedades acústicas que influenciam a sonoridade, como a massa, densidade, elasticidade e contrações, mas também as que influenciam na estética e durabilidade, como a resistência, adaptabilidade às variações do clima, textura e estabilidade. Por isso, além de produzir um belo instrumento com um bom som, também é preciso tomar todos os cuidados para reduzir as possiblidades do mesmo rachar ou se curvar com o tempo, além de buscar constância e continuidade no abastecimento da madeira selecionada.
Por esse motivo, é comum que os fabricantes optem pela utilização de madeiras já comprovadamente eficientes e duradouras. Outros fatores que influenciam na escolha são o custo, disponibilidade regional, garantia de tratamento adequado e trabalhabilidade. Algumas das espécies mais indicadas para a construção de instrumentos musicais são:
- Abeto: Uma escolha muito acertada para a construção de instrumentos de corda, devido à sua característica de ressonância marcante.
- Jacarandá: É muito popular por sua beleza, densidade e qualidade sonora, mas também é raro e de alto custo.
- Cedro: também é bastante utilizado, mesmo tendo densidade e durabilidade moderadas, pois se trata de uma madeira altamente disponível.
Essas são apenas algumas dentre as mais de 200 espécies florestais utilizadas pela indústria musical, mas não temos como não falar sobre o mogno, não é mesmo?
Música e Mogno: Será que Combinam?
Já começando pela resposta: sim, combinam tanto que os Beatles já utilizavam guitarras construídas com essa madeira em suas primeiras gravações. O Mogno tem uma bela cor castanho avermelhada que é bastante apreciada. Não apenas pode ser utilizada para a confecção de todas as peças de um violão, como também é ideal para a construção de guitarras elétricas.
Suas características principais incluem um entrelaçamento firme, excelente trabalhabilidade, alta densidade e resistência, timbre grave e suave, madeira resinosa que destaca os agudos e uma excelente sustentação sonora. Todas essas características tornam essa madeira tropical muito desejada e utilizada em coleções incríveis como a Série Custom da Rozini, uma marca brasileira de instrumentos artesanais, que compartilha com a Radix a paixão por belas madeiras e a consciência ambiental.
Radix e Rozini: Sustentabilidade no DNA
Alguns estudos apontam que, de cerca das 200 espécies utilizadas para a produção de instrumentos musicais, mais de 70 delas estão ameaçadas de extinção. Por esse motivo, também é papel dos fabricantes e luthiers observar se a madeira escolhida é oriunda de exploração predatória. O uso de madeira ilegal desagrada ao consumidor final e prejudica o meio ambiente, a fauna e a flora de forma agressiva.
O time da Rozini se deu conta da necessidade de preservação e decidiu assumir a responsabilidade de trabalhar por um futuro onde não haja risco de desabastecimento da madeira. Afinal de contas, para uma empresa com quase 30 anos de história, os efeitos do apagão florestal ficam muito claros, pois a madeira está a cada dia mais cara e difícil de se encontrar.
A empresa, fundada em 1995 por José Roberto Rozini, coleciona conquistas, como parcerias com grandes nomes do samba, alcance do mercado internacional e premiações pelo comprometimento com a qualidade, agora alcançou um novo marco: o uso de madeira de reflorestamento para a construção dos instrumentos que fabricam (violões, cavacos, bandolins, violas, entre outros).
Os executivos da Rozini decidiram fazer a sua parte para que a madeira seja sempre abundante e em sua pesquisa sobre reflorestamento descobriram a Radix. Atualmente, os sócios da Rozini investem em florestas plantadas e ainda estreitaram uma relação bastante enriquecedora com os fundadores da Radix.
A ação sustentável da Rozini não parou no uso de madeira de reflorestamento. Atualmente, eles doam todo o excedente das lâminas de madeira para que pequenos artesãos e empresas possam aproveitá-las em suas próprias criações.
A Radix Investimentos Florestais deseja vida longa à mais essa parceria de sucesso, que nasceu da consciência ambiental combinada à busca por crescimento econômico.
Por Milene Moraes Almeida
Pós-graduada em Marketing Socioambiental e
Gerente de Relacionamento com o Investidor Radix