Você já ouviu falar sobre o efeito borboleta? Esse conceito ganhou vida em 1961, quando o meteorologista Edward Lorenz estava trabalhando em um modelo matemático para prever o tempo. A descoberta se deu quando o cientista obteve dois resultados completamente diferentes, mesmo utilizando os mesmos dados como referência. Acontece que da segunda vez, o seu computador arredondou algumas casas decimais, levando a um resultado completamente distinto do anterior.
Com isso, Lorenz percebeu que, mesmo os detalhes e eventos que parecem completamente insignificantes, podem resultar em um desfecho totalmente diferente ou até mesmo oposto daquilo que seria esperado. Isso ocorre, pois cada ação gera uma série específica de eventos. Assim, esse princípio passou a ser utilizado por estudiosos como um indício de que todas as ações podem impactar e trazer desdobramentos inesperados.
Mas o que essa teoria tem a ver com a Amazônia? É simples: quando a maior floresta do globo é ameaçada, os resultados ao longo do tempo podem ser muito mais perigosos do que imaginamos. A seguir, vamos explorar algumas das consequências locais, regionais e globais que podem ser esperadas, caso não consigamos agir ativamente para reverter o cenário de descaso com a floresta e combater a degradação desse bioma essencial a tempo.
Prazer, Amazônia!
Segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), a Floresta Amazônica abriga grande parte de todas as espécies da biodiversidade mundial. Além disso, suas florestas representam cerca de 33% de todas as florestas tropicais de nosso planeta. A região também conta com uma reserva de água altamente relevante: 20% da água doce do mundo inteiro se encontra em território amazônico.
Esses números falam por si só, mas é preciso ir um pouco mais a fundo para entender a grandiosidade desse bioma e a importância de se preservar a floresta, não apenas para os brasileiros, mas para todos os cidadãos da Terra.
Em sua totalidade, a Amazônia representa quase a metade da América do Sul e conta com aproximadamente 7 milhões de Km², dos quais a maior parte (cerca de 60%) se encontra em território brasileiro. Essa área foi batizada de Amazônia Legal e se estende ao longo de nada menos que 9 estados da nação.
Já a área total desse bioma é conhecida como Amazônia Internacional, por estar presente em 9 países: Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e Suriname.
Lendo essa extensa lista de stakeholders, as motivações de alguns países, para preservarem a floresta em pé, ficam muito claras. Por outro lado, você pode estar se perguntando: “afinal, se a Amazônia pertence à América do Sul, por que diversos países do mundo inteiro estão empenhados em financiar e promover a redução do desmatamento e degradação desta região”?
Boa ação? Caridade? Na realidade, o motivo de líderes de países que se encontram do outro lado do mundo estarem com os olhares voltados para a Floresta Amazônica são práticos e científicos: a verdade é que se a maior floresta tropical do mundo chegar em um ponto crítico e se tornar incapaz de se regenerar, todas as espécies, incluindo a humana, sofrerão com os impactos negativos.
Atividades Locais, Prejuízo Global
Desde que o ser humano começou a habitar a região amazônica até 50 anos atrás, as taxas de desmatamento chegavam, no máximo, a 1% da floresta. Infelizmente, após esse período, um grupo de pessoas passou a olhar para a floresta com outras intenções.
Talvez por falta de conhecimento, talvez por necessidade, o fato é que a mata passou a ser ocupada e explorada como se um recurso natural tão vasto jamais pudesse chegar ao fim. Hoje em dia, vemos como esse pensamento estava longe de ser uma verdade: atividades como a criação de gado, cultivos de ciclo curtíssimo, mineração, garimpo ilegal e exploração predatória elevaram a destruição para índices alarmantes.
Atualmente, devido a essas atividades econômicas descontroladas, o desmatamento consumiu aproximadamente 18% de toda a floresta. Ao mesmo tempo, pesquisas recentes indicam que se esse índice alcançar 20%, estaremos em um caminho sem volta em direção ao caos climático, pois a biodiversidade seria incapaz de se recuperar e os danos se tornariam irreversíveis.
Caso esse cenário se torne uma realidade, a floresta deixaria de nos prestar diversos serviços ecológicos, que apesar de pouco conhecidos, são absolutamente necessários para a qualidade de vida de toda a humanidade, como o estoque de recursos hídricos, e até mesmo a manutenção da qualidade e resiliência do solo tão próspero e propício para a agricultura. Confira outros prejuízos que teremos que encarar, se perdermos os serviços ecológicos que são prestados pela floresta, sem nos cobrar nada em troca além de respeito.
Poluição Atmosférica
A fumaça, proveniente das queimadas e da atividade de garimpo ilegal na região amazônica, não afetam apenas a população da região norte. Alguns estudos revelaram que correntes de ar presentes na região são capazes de transportar as partículas suspensas no ar ao longo de milhões de km².
Ou seja, o movimento natural das nuvens faz com que metais pesados como o mercúrio e o chumbo, oriundos das atividades exploratórias, afetem não apenas o ecossistema regional, como prejudiquem a qualidade do ar de localidades extremamente distantes.
Distribuição da umidade
A região conta com um clima quente e bastante úmido, com um período de chuvas que chega a durar até 6 meses em cada ano. Além disso, o Rio Amazonas e seus afluentes formam a maior bacia hidrográfica do planeta terra.
Além do estoque de água doce, a floresta também é responsável por distribuir a umidade, oriunda do Oceano, por todo o continente sul-americano. Sabe-se inclusive, que certas regiões do continente se tornariam desérticas se não fosse o sistema hidrológico oferecido pela floresta.
Outro processo exercido pelas árvores, que está relacionado com a água e também é essencial para a vida na terra, é o de evaporação e transpiração. Uma árvore de copa grande, por exemplo, é capaz de bombear em forma de vapor, até mil litros por dia, para a atmosfera. Por isso, a presença das árvores é essencial para regular o regime de chuvas e garantir bons resultados para atividades fundamentais, como a geração de energia e produção de alimentos.
Elevação do Nível do Mar
Uma das principais preocupações para populações de regiões insulares ou litorâneas, é o aumento do nível do mar, pois sua sobrevivência depende disso.
Acontece que a Floresta Amazônica é uma das principais responsáveis pela manutenção do clima. Sem a floresta, o processo de aquecimento global aceleraria rapidamente, derretendo com agilidade grandes blocos de gelo e calotas polares, que por sua vez, alagariam grandes áreas, colocando em risco a população que habita as regiões afetadas.
Mudanças Climáticas
Uma das funções mais reconhecidas e valorizadas das espécies florestais é a sua capacidade de sequestrar e armazenar carbono. Esse gás é produzido em grandes quantidades pela atividade humana, e também é um dos principais causadores do temido efeito estufa na atmosfera. Esse, por sua vez, é o principal fator que está acelerando as mudanças climáticas graves e desastres ambientais. Além disso, quando as árvores são derrubadas e queimadas, encontramos o efeito inverso: a liberação do carbono estocado e a contribuição para o aumento da temperatura terrestre.
Ironicamente, um ecossistema que é capaz de reter, em sua vegetação, 17% de todo o carbono estocado e estabilizar o clima global, também é palco de atividades capazes de liberar cerca de 200 milhões de toneladas de carbono na atmosfera, anualmente.
Além disso, o desmatamento também prejudica os solos e rios, tornando os solos mais vulneráveis a processos erosivos e os rios ao assoreamento.
Perda da Biodiversidade
Cerca de 1 em cada 10 espécies do planeta habita o território amazônico. Isso sem contar as espécies que, por habitarem regiões remotas, ainda não foram identificadas. Sem a floresta, diversas espécies entrariam em extinção e o desequilíbrio ambiental se tornaria inevitável.
A verdade é que além de nos brindar com sua beleza, a biodiversidade possui várias funções pouco conhecidas, como a capacidade de manter o ecossistema mais saudável, rico e resistente, além de mais resiliente em caso de desastres ambientais ou degradação. Outra função dela é tornar estáveis outros ecossistemas próximos.
Essas espécies, além de essenciais para o ecossistema como um todo, também garantem uma ampla gama de produtos e benefícios para o ser humano, que a partir de princípios ativos encontrados na natureza, se tornou capaz de curar, vestir, embelezar, nutrir e até mesmo perfumar outros seres humanos, e assim ganhar dinheiro por via da bioeconomia.
A Amazônia é Responsabilidade de todos
Bom, agora que você entendeu o quanto a Amazônia é necessária, mas como também é frágil e se encontra em risco, chegou a hora de refletir sobre como é possível fazer a sua parte para preservar esse bioma e combater o desmatamento ativamente.
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Por Milene Moraes Almeida
Pós-graduada em Marketing Socioambiental e
Gerente de Relacionamento com o Investidor Radix