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Sistemas Agroflorestais (SAFs): Equilibrando Florestas e Agricultura

O Brasil tem um enorme desafio pela frente com as questões ambientais, entre elas estão o de restaurar florestas e paisagens, fazer a recuperação de milhões de áreas degradadas e, assim, promover a regeneração das florestas. Todos esses pontos citados são cruciais para que o país possa cumprir com os compromissos climáticos e, assim, ajudar na transição para uma economia de baixo carbono.

Porém, para que essa restauração florestal aconteça em escala, é importante que ela gere oportunidades no campo para agricultores e agricultoras familiares, produtores e produtoras rurais, comunidades e empresas. Tudo isso, de forma harmoniosa entre estes dois lados, ou seja, gerando melhorias ambientais e, ao mesmo tempo, criando oportunidades de trabalho e renda no campo. 

Uma estratégia que representa essa harmonia são os Sistemas Agroflorestais (SAFs),  tema que iremos tratar com você em nosso artigo de hoje! 

Mas afinal, o que são os Sistemas Agroflorestais (SAFs)?

Os Sistemas Agroflorestais (SAFs) são formas de uso e manejo da terra nas quais as árvores são plantadas e manejadas em combinação com culturas agrícolas ou forrageiras. Em outras palavras, é um sistema no qual os produtores plantam e cultivam árvores e culturas na mesma área, melhorando o meio ambiente e garantindo a produção de alimentos e madeira.

Para ser um sistema agroflorestal eficaz, é importante que o sistema siga uma lógica de produção que considere solo, clima, mercado, composição de espécies, regulamentação, operações, metas de produção, custos e legislação. O objetivo é garantir que as sementes trabalhem juntas. Por exemplo, algumas culturas já estabelecidas, como cacau, café e erva-mate, crescem bem na sombra. Os produtores podem combinar essas plantações com araucárias, seringueiras, açaís, entre outras.

Os benefícios econômicos para os produtores são múltiplos. Primeiro, você pode vender culturas de crescimento rápido, depois espécies de médio prazo, como árvores frutíferas e, a longo prazo, espécies de madeira de alto valor, garantindo assim retornos de longo prazo. As árvores plantadas no sistema também funcionam como “aluguel” para os agricultores familiares. Pode levar décadas para crescer e vender, mas quando chegar a hora da colheita, você obterá um bom retorno sobre seu investimento inicial.

Os benefícios ecológicos também são grandes. As árvores desempenham um papel importante na redução da degradação da terra e na melhoria da qualidade do solo e da água.

Estudos recentes também mostraram que os sistemas agroflorestais podem desempenhar um papel importante na adaptação a climas extremos. A mudança dos padrões climáticos é uma ameaça à produção agrícola em todo o mundo. Estima-se que as mudanças climáticas possam reduzir a produtividade agrícola global em 17%. O IPCC identificou o plantio em sistemas agroflorestais como uma das estratégias de adaptação climática mais interessantes que tornam as terras rurais mais resistentes a pragas, secas e inundações. 

Quais são as vantagens dos SAFs?

Esse sistema oferece diversas vantagens ambientais, visto que, as árvores têm importante papel na redução da degradação, melhora da qualidade do solo e da água da propriedade, entre outros. Porém, iremos citar alguns que se destacam segundo pesquisadores: 

  • Custo de implantação e manutenção acessíveis ao pequeno produtor. 

Estabelecer um SAF geralmente requer muita mão de obra. No entanto, esta situação pode ser corrigida. Espécies perenes podem ser plantadas na lavoura branca com com custo reduzido de mão de obra; manutenção e o manejo de SAF, já bem estabelecidos, requerem pouca mão-de-obra, porém quem se dedicar a essas tarefas deve possuir sólidos conhecimentos práticos a respeito.

  • Instrumento para o aumento da renda familiar.

Na sua fase de plena produção, um consórcio agroflorestal comercial, tais como a combinação castanha-da-Amazônia, pupunha, cupuaçu, coqueiro, abricó do pará, tem um custo de manutenção baixo e pode gerar uma renda maior que pastagens ou roçados com culturas anuais, especialmente quando a comercialização é realizada com habilidade e eficiência.

  • Os SAFs podem contribuir para a melhoria da alimentação das populações rurais.

Um bom quintal agroflorestal, de tamanho suficiente e constituído por um grande número de espécies perenes, pode fornecer uma grande parte dos alimentos consumidos pelo agricultor e sua família. Por outro lado, determinados SAFs, como as capoeiras melhoradas de longa duração e as agroflorestas, atraem e alimentam a fauna. Isso facilita o bom manejo da caça e seu aproveitamento para fins de subsistência.

  • Ajudam a manter ou a melhorar a capacidade produtiva da terra.

As árvores adubam a terra e, com frequência, melhoram a estrutura física do solo. Na sombra das árvores acumula-se maior quantidade de matéria orgânica, a camada superficial do solo resseca menos, pouco endurece e as amplitudes térmicas são menores do que as observadas em solos descobertos. Graças a essas características, a camada superficial do solo, na sombra de árvores, é biologicamente mais ativa, ou seja, há presença de minhocas e outros animais em maior quantidade e diversidade. A capacidade de melhorar a fertilidade do solo varia em função do tipo de SAF utilizado. A esse respeito, os melhores resultados são obtidos com a prática de capoeiras manejadas ou espontâneas de longa duração, o uso de leguminosas e outras plantas adubadoras e a implantação de SAF com composição bem diversificada.  Muito depende, também, das espécies perenes escolhidas para compor o SAF, já que existem árvores que adubam melhor que outras. Por exemplo, muitos legumes, tais como, ingá cipó, leucena, acumulam nitrogênio nas suas folhas. O plantio e o manejo dessas leguminosas, nas roças, podem substituir a aplicação de fertilizantes nitrogenados que o pequeno agricultor, muitas vezes, não pode comprar por falta de dinheiro. Muitas espécies produzem mais quando plantadas em associação com outras do que quando plantadas em monocultivo. Um exemplo é o consórcio de cacau com seringueira.

  • Auxiliam na recuperação de áreas em vias de degradação.

Para tal efeito, utilizam-se consórcios agroflorestais que, nesse caso, serão formados por espécies pouco exigentes quanto à qualidade do solo e capazes de melhorar a terra. Seria o caso, por exemplo, de se cultivar em primeiro lugar o feijão-de-porco e, em seguida, implantar um consórcio do tipo amendoim, coqueiro, cajueiro e ingá-cipó. Nesse consórcio, o ingá cipó é plantado bastante denso e submetido a podas frequentes. O amendoim, além de gerar um produto alimentício de valor, tem a vantagem de melhorar a capacidade produtiva da terra. Quando o processo de degradação é bastante avançado, torna-se necessário reflorestar as áreas com espécies pioneiras adaptadas a essas condições desfavoráveis. Essas espécies pioneiras são, por exemplo: guandu, ingá cipó, curindiba, lacre, acacia mangium, gliricídia, mutamba, pente de macaco, etc.. Uma vez parcialmente recuperada a fertilidade do solo, a área poderá ser aproveitada para produção agrícola ou agroflorestal. 

  • Contribui para a proteção do meio ambiente. 

Pois diminuem a necessidade de derrubar a floresta para abrir novos roçados e ajudam a controlar a erosão. Essa proteção do meio ambiente é muito importante para as populações rurais. 

Pesquisas recentes mostram também que os Sistemas Agroflorestais podem exercer um importante papel na adaptação a eventos climáticos extremos. As alterações nos padrões do clima são uma ameaça à produção agrícola em todo o mundo. Estimativas indicam que as mudanças climáticas podem reduzir a produtividade global da agricultura em 17%. O IPCC identificou o plantio em sistemas agroflorestais como uma das medidas mais interessantes para a adaptação climática, tornando as propriedades rurais mais resilientes e resistentes a pragas, secas e inundações.

Como aumentar a escala dos sistemas agroflorestais

Muitas iniciativas já mostram que SAFs são um bom negócio tanto para os produtores quanto para o meio ambiente. Mas como impulsionar esse modelo para que ganhe escala e se espalhe pelo país? O primeiro passo é aprofundar conhecimentos sobre fatores como taxa de crescimento, produtividade e mercado, além de identificar bons modelos (de negócios e de plantio) para atrair investimentos. Empreendimentos que trazem inovação para o setor também são essenciais para implementar transformações com base nos conhecimentos aprofundados.

Um exemplo disso é Greentech Floresta S.A., empresa que usa recursos de grandes investidores e empresas interessadas em ações ESG para implementar agroflorestas e aumentar a renda e a performance econômica e socioambiental de pequenos produtores amazônicos. O modelo associa a produção de alimentos à conservação da floresta em pé, por meio de uma cesta de alimentos  diversificada e que atenda a  diferentes nichos. 

A exemplo disso, eles promovem a plantação de açaí, banana e cacau produzido para atender às entressafras, beneficiando-se de melhores preços no mercado. E para o médio e longo prazo fazem a produção de madeira com espécies como Pau-de-Balsa, Mogno Africano, Teca, Pau Rainha, Cedro Doce, Jatobá, Ipê e Sucupira. Colaborando, assim, para o equilíbrio do ecossistema e redução dos impactos ao meio ambiente. 

O objetivo é oferecer apoio a pequenos produtores para que eles possam adotar melhores práticas no campo e consequentemente aumentar a renda das famílias. Nesse sentido, esses produtores acabam se sentido estimulados a permanecerem na área rural por meio de atividades que, não apenas conservam a floresta em pé, mas também promovem o reflorestamento.

E se você ficou interessado em colaborar com o movimento de SAFs, a Floresta S.A. está com uma rodada de investimentos abertas para novos acionistas que acreditam no potencial desse trabalho! Para saber mais, é só clicar aqui! 

Por Matheus Maia Moraes
Pós-graduando em Marketing e Gestão de Agronegócio
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